"O mais antigo jornal que se tem notícia foi o Acta Diurna. O mesmo surgiu por volta de 59 a.C. a partir do desejo de Júlio César de informar a população sobre factos sociais e políticos ocorridos no império - como campanhas militares, julgamentos e execuções."

terça-feira, 17 de abril de 2012

Professor suspenso por obrigar alunos a despirem-se

Um professor de teatro de Albufeira foi suspenso depois de ter sido acusado por alguns pais de obrigar os filhos a despir-se e incentivar comportamentos homossexuais, mas o docente garante que apenas fez exercícios de «confrontação de medos».

A queixa, apresentada por três encarregados de educação de alunos do 10º ano da Escola Secundária de Albufeira, deu entrada na Inspecção Geral de Educação a 12 de Janeiro e deu origem a um despacho, de 14 de Março, em que o docente Paulo Moreira, que dá aulas do curso profissional de Artes do Espectáculo a alunos do 10º e 12º anos, é suspenso preventivamente por 90 dias.

O despacho, assinado pelo director regional de Educação do Algarve, Alberto Almeida, considera existirem «fortes indícios» de que a presença do docente na escola pode «causar agitação social» e dá como comprovada «a implementação pelo arguido de práticas pedagógicas censuráveis».

O mesmo despacho evoca a possibilidade de vir a ser aplicada «uma pena disciplinar de demissão», dado o «grave incumprimento dos deveres profissionais» por parte do docente.

Em declarações à Lusa, o professor nega peremptoriamente as acusações, sublinhando que em 12 anos de docência de teatro e quatro anos de Artes do Espectáculo jamais tinha tido qualquer queixa das suas práticas, «ao contrário do que essas mães dizem na carta à Inspecção».

Sublinhando que tudo partiu «de uma mãe que conseguiu arregimentar mais algumas», o docente garante que jamais mandou despir alguém integralmente, cortar o cabelo ou ter práticas homossexuais.

«Fiz um exercício sobre confrontação dos medos em que lhes perguntei quais as coisas difíceis que eles teriam que fazer em cena e, como em anos anteriores, surgiam a nudez, os contactos sexuais ou cortar o cabelo», observa, garantindo que «a uma pessoa que dizia que o seu maior medo era a nudez nunca pedia para se despir».

Aos outros, contudo, pedia, mas «no segundo anterior a ficarem nus mandava parar», afirma, garantindo que nunca houve casos de nu integral ou parcial, mas apenas «situações em que ficavam em boxers ou biquíni».

«No caso dos cabelos, no máximo cortaram-se umas madeixas e depois interrompi», diz, reforçando que se trata de um exercício clássico de teatro em que o formador quer resolver bloqueios emocionais e «ver a disponibilidade do formando para o acto».

O professor garante que houve apenas dois casos de abordagem à homossexualidade, um dos quais quando «duas alunas decidiram escrever e interpretar um sketch em que se beijavam na boca, por iniciativa própria».

No outro caso, houve dois rapazes «a quem disse para criarem um sketch sobre homossexualidade, mas não disse o que tinham que fazer. Foram eles que criaram a história, eu apenas pedi que criassem os personagens».

O docente evoca alguns erros processuais e lamenta que ainda não tenha sido ouvido, três meses depois da entrada do processo e um mês depois da suspensão preventiva.

Fonte do Ministério da Educação confirmou à Lusa que o processo se encontra em fase de instrução, na qual pode ser ouvido o arguido, a seu pedido ou por iniciativa do instrutor.

A Associação de Pais da escola, por seu turno, garante que o caso foi aproveitado para «sujar» o nome da Escola e da sua direcção, de forma a impedi-la de aceder à presidência da Comissão Administrativa Provisória de um novo agrupamento de Escolas em constituição.

«Quando vejo como o processo foi conduzido, vejo que algo não bate certo», disse à Lusa o presidente da Associação de Pais da escola, António Dias, que critica o comportamento do Ministério, mas também das encarregadas de educação queixosas.

Segundo António Dias, as mães em causa, «que são apenas três em 22», deveriam ter falado com a associação antes de «irem directamente à Inspecção» e argumenta que os problemas deveriam ter sido resolvidos, prioritariamente, dentro da escola”.

Sobre as práticas pedagógicas de Paulo Moreira, António Dias sustenta que ele «não teve bom senso, sobretudo porque não soube discernir entre alunos de 14 ou 15 anos e os do 12º ano, muitos dos quais já são adultos», mas põe em causa a «dureza» e «violência» das acusações.

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