O dissidente chinês e activista dos direitos humanos Chen Guangcheng, que cumpriu quatro anos de prisão e estava desde 2010 em prisão domiciliária, conseguiu escapar da sua residência fixa.
Chen Guangcheng, segundo avança a edição online da BBC, deixou também um vídeo dirigido ao primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, no qual apela a uma investigação às agressões brutais que assegura que a sua família sofreu. No mesmo vídeo – divulgado pelo site Boxun, que publica notícias de dissidentes chineses e tem base nos Estados Unidos – Chen pede ainda que a segurança da sua família seja assegurada e que a corrupção que se vive na China seja combatida de acordo com a lei.
Os activistas dos direitos humanos avançaram que Chen conseguiu escapar da sua casa em Shandong no passado domingo, com várias fontes a garantirem que está agora num lugar seguro em Pequim. “Agora posso partilhar convosco que Chen está numa localização 100% segura em Pequim. É tudo o que posso partilhar convosco”, disse Bob Fu por email à BBC, fundador da organização China Aid, com base no Texas, nos Estados Unidos. A mesma informação foi confirmada por um outro activista que tem acompanhado o caso de perto, He Peirong.
Chen, cego desde a infância, tornou-se particularmente conhecido por denunciar os abortos forçados no país, que adoptou a política do filho único como controlo dos altos índices de natalidade. Em 2006, acusou as autoridades locais de terem obrigado 7000 mulheres a abortar ou a serem esterilizadas, mas foi condenado por “danos intencionais à propriedade privada” e por “juntar uma multidão para perturbar o trânsito”. Nesse ano, a coragem da denúncia fê-lo ser eleito pela revista Time como uma das 100 personalidades mais influentes do mundo.
O activista também dava aconselhamento jurídico, sobretudo em casos de vítimas de autoridades corruptas, a populações da sua província que não tinham acesso a advogado, apesar de nunca ter tirado o curso de Direito.
Críticas internacionais
As autoridades chinesas têm recebido críticas internacionais à sua actuação no caso de Chen Guangcheng, em especial depois de a sua filha ter visto o acesso à escola barrado. A própria secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, já fez apelos para a sua libertação, numa altura em que se prepara para uma visita oficial a Pequim na próxima semana. Da mesma forma, muitas das pessoas que tentaram visitá-lo foram sempre afastadas pela polícia. No final do ano passado, 13 pessoas foram detidas entre mais de 40 que o tentavam visitar. Os visitantes pretendiam estar com Chen por ocasião do seu 40.º aniversário.
Já antes, em Fevereiro de 2011, Chen Guangcheng foi espancado pela polícia depois de ter divulgado um vídeo em que falava da sua prisão domiciliária.
Apesar da forte vigilância a sua casa, Chen conseguiu fazer passar para o exterior imagens em que relata, tal como a sua mulher, detalhes da detenção. O vídeo, colocado no site da China Aid, enfureceu as autoridades, que espancaram o activista, adiantou na altura a organização não governamental de direitos humanos Chinese Human Rights Defenders (CHRD). Com o vídeo, ficou a saber-se que cerca de 60 homens em diferentes turnos impediam o acesso à sua casa e ameaçavam quem se aproximasse para tentar ajudar.
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