"O mais antigo jornal que se tem notícia foi o Acta Diurna. O mesmo surgiu por volta de 59 a.C. a partir do desejo de Júlio César de informar a população sobre factos sociais e políticos ocorridos no império - como campanhas militares, julgamentos e execuções."

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Quando se podia ser mulher no "Islão"

Por Henrique Raposo (www.expresso.pt)

Henrique Raposo, A Tempo e a Desmodo - Quando se podia ser mulher no 'Islão'

"Um conhecido erudito religioso saudita, o xeque Mohamed al-Hadban, entendeu bem esse problema e defendeu que as mulheres muçulmanas usassem um niqab que revelasse apenas um olho, de forma a não poderem excitar os homens pela forma olham" .

Este tipo de situação - quase cómica - passou a ser a normalidade no mundo muçulmano. Nas terras do Islão, a condição feminina não é famosa. Mas houve um tempo em que as coisas não eram assim.

E não, não estou a invocar séculos passados. Nos anos 50, 60 e mesmo 70, as mulheres muçulmanas tinham uma liberdade idêntica à das mulheres ocidentais (ok, tirem a Arábia desta equação).

Quando lemos a biografia da última imperatriz da Pérsia, Farah Diba (n.1938), percebemos facilmente que a vida de uma jovem iraniana dos anos 40 e 50 não era assim tão diferente da vida de uma jovem europeia.

No liceu, as meninas iranianas jogavam basquetebol com - vejam bem - uma saia por cima do joelho e braços completamente à mostra (de facto, nunca vi a Ticha Penicheiro de niqab). Quando chegavam à vida adulta, as jovens entravam com naturalidade na faculdade.

Neste sentido, o Irão era mais liberal do que muitos países europeus, a começar por Portugal. Depois, no campeonato da beleza e sensualidade, convém registar uma coisa: em 1960, Farah Diba goleava Jacqueline Kennedy. Por 5-0.

Este brilho hollywoodesco de Diba era o culminar de um processo de emancipação em relação ao véu & afins que começou logo na década de 30, com a mãe de Reza Pahlavi.

Por outras palavras, as mulheres muçulmanas fizeram o seu caminho de emancipação par a par com as mulheres ocidentais. Aquilo que Farah Diba apelida de "obscurantismo bárbaro da Idade Média" só surgiu nos anos 70.

No Irão, depois de décadas de emancipação feminina, os Ayatollahs "restabeleceram a lapidação monstruosa, decretaram leis humilhantes que fazem da mulher uma cidadã de segunda categoria". Nos anos 70, ou seja, ontem.

Moral da história? A humilhante condição da mulher muçulmana não é destino, é apenas história. Quando, por cobardia, aceitamos o argumento da "tradição" para fecharmos os olhos em relação à humilhação diária das mulheres muçulmanas (lá e cá), estamos apenas a legitimar uma ideologia com umas dezenas de anos.

A inteligência e a beleza das Farah Diba voltarão às terras muçulmanas.

3 comentários:

  1. http://www.youtube.com/watch?v=dF47rrHd7wo

    20and%2520before%25201979%26source%3Dweb%26cd%3D4%26ved%3D0CEgQFjAD%26url%3Dhttp%253A%252F%252Fwww.youtube.com%252Fwatch%253Fv%253DPKIU2q6EYqM%26ei%3DvLEkT7_dFKqb0QXmgvjOCg%26usg%3DAFQjCNFEYjnYKEvGXqkLb0ngm69i08uQyA&has_verified=1

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  2. Mais condensado . .

    http://www.youtube.com/watch?v=dF47rrHd7wo

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  3. O segundo saiu mal. Era um video que comparava o Irão antes e depois de 1979. Acho que um dia, infelizmente, teremos videos destes sobre o Egipto antes e depois da "primavera árabe"...

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