No debate 'Viver mais com menos', promovido pela Associação Católica do Porto, Ana Passos, do gabinete da DECO/Porto para apoio ao sobreendividado, contou o caso concreto de um casal, já de idade considerável e com poucos recursos, que contraiu dois créditos para socorrer os filhos em dificuldades, acabando também por não conseguir pagar as prestações.
A ajuda da DECO a esta família traduziu-se em sensibilizá-la para cortar em despesas fixas elevadas tidas por menos necessárias, incluindo gastos mensais em telemóveis na ordem dos 300 euros.
Neste caso, como em muitos outros, a DECO procurou renegociar os créditos, obtendo períodos de carência (durante um hiato de tempo os devedores só pagam juros) e a dilatação dos prazos para saldar os compromissos bancários.
Perante um auditório que incluía o bispo do Porto, Manuel Clemente, a técnica da DECO disse conhecer casos de famílias que têm 30 créditos e referiu que os tribunais portugueses estão a decretar, todos os dias, 14 novas falências singulares.
Ana Passos reconheceu as dificuldades de sobrevivência de muitos portugueses, mas pediu que se ajudem a si próprios, o que passa, por exemplo, por olharem com desconfiança algumas campanhas publicitárias ou fazerem um cuidado planeamento das despesas.
A técnica sublinhou, a propósito, que há muitos consumidores a recorrerem cada vez mais às chamadas marcas branca na aquisição de artigos de primeira necessidade, «mas depois compram um telemóvel da última geração e levam a namorada a jantar ao restaurante mais caro do Porto».
Depois de ouvir Ana Passos e o testemunho de vários cidadãos que passaram ou ainda passam por dificuldades, o bispo do Porto interveio para proclamar que «esta é a ocasião para seremos mais realistas».
Citando Mahatma Gandhi, o fundador do moderno estado indiano, Manuel Clemente sublinhou que «a natureza tem recursos para o nosso alimento, mas não para o nosso esbanjamento».
À Lusa, o prelado disse que «este tipo de testemunhos demonstra é que é possível, com mais atenção à realidade e com uma vida mais planeada, não só sobreviver, como arranjar outra maneira de estar mais feliz e mais compensatória».
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